“No entardecer da vida seremos julgados pelo amor”
25/11/202326 novembro 2023
São João da Cruz dizia: “No entardecer da vida seremos julgados pelo amor”, recordando a importância do amor como critério de avaliação das nossas ações ao longo da vida. Fazendo-nos refletir sobre a necessidade de cultivarmos o amor em todas as nossas relações, sejam elas familiares, sociais, profissionais ou espirituais. Recordando as palavras de Jesus em Mateus 25,31-46, convido-vos a refletir sobre a importância do amor na nossa vida. Destaco três tópicos principais: a importância do amor, o chamamento à ação e a recompensa daqueles que praticam o amor.
1. A importância do amor
Jesus afirma que, na Sua segunda vinda, Ele se assentaria em Seu trono de glória para julgar todas as nações. O julgamento não será pelas riquezas, pela posição social ou pelo poder político. O critério fundamental para esse julgamento é o amor. O amor é a essência do seu Reino e o critério com o qual seremos julgados. Ao contrário dos sistemas políticos e sociais que estabelecem reinos baseados no poder e na dominação, Cristo ensina que o verdadeiro poder está no amor, no serviço e na entrega ao próximo. Ele convida a amar incondicionalmente, cuidar dos menos favorecidos e a estar presente nas situações de sofrimento e injustiça. Jesus afirma que tudo o que fizemos ou deixámos de fazer em relação aos necessitados foi um reflexo do amor que temos nos nossos corações. Portanto, o maior mandamento de Jesus torna-se presente: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
2. O chamamento ao amor em ação
O evangelho apresenta as obras de misericórdia corporais e espirituais como exemplos práticos do amor ao próximo. Podemos refletir sobre algumas destas obras, como alimentar os famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus, visitar os doentes e os prisioneiros.
Mas Jesus também nos pede ações espirituais igualmente importantes, como aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes e confortar os aflitos. Ele desafia-nos a olhar para além de nós mesmos, a ver o outro como um irmão em Cristo e a oferecer-lhe amor e compaixão. Seremos julgados com base na maneira como respondemos a esse chamamento nas nossas vidas. Não basta falar sobre o amor ao próximo, é preciso colocá-lo em prática através de ações diárias.
3. A recompensa daqueles que praticam o amor
A parábola do juízo final mostra que se vivermos do amor ao próximo então a vida eterna será com o Amor (com Aquele que é Amor), mas aqueles que não vivem a sua vocação ao Amor, recusando-se a amar e a servir, excluem-se da relação com Deus e do Amor!
O “Céu” não é apenas reservado para aqueles que fizeram grandes feitos, mas para todos os que praticaram pequenos atos de amor com um coração sincero. Dizia Madre Teresa de Calcutá: “Nesta vida nem sempre podemos fazer grandes coisas, mas podemos fazer pequenas coisas com grande amor!”
Quando amamos e servimos o outro, estamos a amar e a servir o próprio Cristo. Ele está presente, Ele identifica-se com os mais necessitados. É pelo serviço e amor ao próximo que nos tornamos verdadeiros discípulos de Cristo.
A Festa de Cristo Rei recorda-nos a autoridade e realeza de Jesus sobre asnossas vidas. Ele chama a viver a essência do Seu reino, que é o amor a Deus e ao próximo. Portanto, ao aproximarmo-nos do entardecer dasnossas vidas, será o amor que dará consistência, peso à nossa vida. “O meu amor é o meu peso.” (Santo Agostinho, Confissões 13,9)
PPP
– Pôr o amor em ação através das obras de misericórdia corporais:
Dar de comer a quem tem fome; Dar de beber a quem tem sede; Vestir os nús; Dar pousada aos peregrinos; Assistir aos enfermos; Visitar os presos; Enterrar os mortos.
– Pôr o amor em ação através das obras de misericórdia espirituais:
Dar bons conselhos; Ensinar os ignorantes; Corrigir os que erram; Consolar os tristes; Perdoar as injúrias; Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo; Orar a Deus por vivos e defuntos.