A paróquia de Arroios
A colegiada de S. Jorge já existia em Lisboa no ano de 1168, mas localizada noutra zona da cidade, junto à travessa das Merceeiras, à Sé Patriarcal.
Em 1755, o templo foi destruído pelo sismo de 1 de Novembro, tendo sido o culto transferido para a Ermida de Santa Bárbara em Arroios, no antigo Palácio de Inácio Lopes de Moura.
Em 1770, foi transferida para a Ermida do Senhor Jesus da Boa Sorte e Santa Via Sacra, no Bairro das Olarias, freguesia dos Anjos.
Em 1818, por ordem do governo foi transferida para a Capela de Santa Rosa de Lima, no Palácio dos Senhores de Murça, em Arroios. O espaço da capela não era suficiente para acolher os fiéis que a ela acorriam pelo que, em 1820, foi de- cidido construir uma igreja mais ampla.
O local escolhido foi o Largo de Arroios, também chamado do Cruzeiro, ou, do Cruzeiro de Arroios. A 8 de Novembro de 1829, na presença do rei D. Miguel, realizou-se a transferência solene da Paróquia de S. Jorge para a nova igreja no Largo do Cruzeiro de Arroios.
Entre 1895 e 1898, por motivo de obras, a paróquia esteve instalada na Capela de Na Sra. do Pópulo, no Palácio dos Condes de Linhares, e na Igreja do Con- vento de Na Sra. Da Conceição em Arroios. Em 1 de Janeiro de 1898 a igreja de São Jorge reabriu ao culto.
Por decreto de 1916, a 8 de Junho, à denominação da paróquia foi acrescentado Arroios.
Na primeira metade do século XX, o espaço da igreja era insuficiente para acolher os numerosos fiéis pelo que foi decidido construir uma nova igreja. A atual igreja da paróquia de S. Jorge de Arroios foi projectada para ser mais ampla e com estruturas adequadas à vida paroquial da época.
A dedicação da igreja realizou-se a 8 de Dezembro de 1972, numa celebração presidida pelo Patriarca D. António Ribeiro.
Os primeiros esboços datam de 1962. A 8 de Dezembro de 1970 foi lançada a primeira pedra pelo Cardeal Patriarca D. Manuel Cerejeira e a construção da nova igreja terminou em 1972.
A arquitetura da igreja
O Movimento de Renovação da Arte Religiosa (MRAR) surgiu em inícios dos anos 50 do séc. XX, pela mão de um grupo de jovens arquitectos católicos que consideravam que a arquitectura religiosa devia responder a especialíssimas exigências de verdade simplicidade harmonia e dignidade exigências de verdade, simplicidade, harmonia e dignidade. O seu trabalho de divulgação, debate e formação, contribuiu para a renovação cultural da Igreja e permitiu a construção de arquitectura religiosa moderna em Portugal. O tempo do MRAR foi um tempo de transição na Igreja, muito marcado pela realização do Concílio Vaticano II, tendo dado origem a Igrejas marcadas por um novo programa e por um novo conceito eclesiológico: “O desejo de serviço à cidade levou à edificação já não de templos, mas de centros paroquiais, onde sobressaía o volume da Igreja, mas sem qualquer monumentalidade ou tentativa de domínio dobre o território.”(1)
Cada nova igreja era única e o seu desenho, e forma, resultava do local onde se inseria, buscando uma total integração com o espaço da cidade onde se localizava. Pretendia-se que a Igreja e a sua comunidade fizessem parte da cidade. Também no espaço interno da igreja, o MRAR desenvolveu novas propostas de funcionalismo para a liturgia, atribuindo um lugar próprio a cada função e valorizando todas essas funções litúrgica e pastoralmente. A Igreja de São Jorge de Arroios é um projecto dos arquitectos Alzina Meneses e Erich Corsépius, e foi dedicada a 8 de Dezembro de 1972.
O MRAR também pretendia que as Obras de Arte das Igrejas fossem produzidas por artistas do seu tempo e para a Igreja de São Jorge de Arroios foi produzido o Cristo crucificado, obra do escultor modernista Joaquim Correia, nascido na Marinha Grande. Na Casa Museu podemos ver algumas maquetes em gesso da escultura que existe hoje na Igreja. Para a fachada principal da igreja foi projetado pelo artista plástico Eduardo Nery um painel de azulejos que, por razões económicas, não foi possível executar. O MRAR foi um movimento do seu tempo, utilizou os materiais do seu tempo, e permitiu uma qualificação dos projectos de arquitectura religiosa, hoje perceptivel na história da arquitectura em Portugal.
(1) Este texto foi elaborado a partir do Livro: MRAR – Movimento de Renovação da Arte Religiosa, Professor Doutor Arquitecto João Alves da Cunha, 2015
O cruzeiro de arroios
O cruzeiro de Arroios tem origem provavelmente no séc. XVI, época indiciada pelo estilo do monumento que foi erigido para comemorar a beatificação da Rainha Santa em 1516 e classificado como monumento nacional em 1910.